
Concerto Comemorativo do 50.º Aniversário da Universidade de Aveiro e do 26.º Aniversário da Orquestra Filarmonia das Beiras
15 dezembro
Sinopse
Programa:
George Gerschwin (1898-1937) - An American in Paris
Frederick Delius (1862-1934) - Concerto para Violino e Orquestra
---------------------------------------------------- INTERVALO -----------------------------------------------------------------
Francis Poulenc (1899-1963) – Gloria
I.Gloria in excelsis Deo
II.Laudamus te
III.Domine Deus, Rex caelestis
IV.Domine Fili unigenite
V.Domine Deus, Agnus Dei
VI.Qui sedes ad dexteram Patris
Notas de Programa: Poder-se-ia dizer que este programa de concerto começa com An American in Paris e acaba com un Parisien en Amérique, pois, enquanto a obra de Georg Gershwin foi composta a partir das experiências que o compositor americano viveu na capital francesa, oGloria de Francis Poulenc resultou da encomenda de uma fundação ligada à orquestra de Boston, podendo ser considerado como sendo a culminação da sua excelente relação com os Estados Unidos da América: décidément l’Amérique m’aime et j’aime l’Amérique! [decididamente, a América ama-me e eu amo a América], escreveu o compositor, numa carta dirigida ao ator belga Stéphan Audel. Entre estas duas expressões de bem-estar na vida, medeia o programa uma obra mais introspetiva e comovente, também nascida da relação entre um europeu e os EUA, mas, desta feita, de um cariz muito distinto.
Gershwin veio para a Europa no intuito de aprender, porém, tanto Maurice Ravel como Nadia Boulanger, de quem quis ser aluno, ter-lhe-ão dito que já tinha descoberto o seu estilo e que não faria sentido que continuasse a sua formação, animando-o a escrever mais e com maior arrojo. Um Americano em Paris é a primeira obra de grande porte que Gershiwn orquestra sem ajuda, muito seguro dos efeitos que quer criar, seja para imitar o caos do trânsito parisiense, incluindo as buzinadelas dos taxistas, seja para ilustrar as saudades que o americano sente da sua terra, com música claramente inspirada no Blues.
Frederick Delius nasceu no Reino Unido, no seio de uma família alemã. O seu pai, embora fosse músico amador, tinha horror a que o filho escolhesse essa profissão, mandando-o, por isso, para os Estados Unidos, onde deveria administrar uma quinta de laranjas. Em vez de se dedicar à agricultura, Delius descobriu no novo entorno as canções de trabalho dos ex-escravos, assim como o Gospel, cantado pela comunidade negra local. Delius apaixonou-se por uma mulher desta comunidade, com quem teve um filho. Na altura, assumir uma relação inter-racial era absolutamente impensável, de maneira que voltou para a Europa sozinho, sofrendo muitíssimo com esta separação. O seu concerto para violino, único instrumento de que dispunha na quinta californiana, contém muitas referências musicais afro-americanas, certamente devido à sua história pessoal. Quando soube que estava com uma doença grave e incurável, Delius voltou aos Estados Unidos, onde durante meses procurou a sua amada e filho, sem os encontrar.
A Koussevitsky Foundation de Boston encomendou a Poulenc inicialmente uma sinfonia, ao que o compositor francês, com a franqueza que o caracterizava, retrucou que esta categoria não o atraía; perguntaram-lhe então se poderia ser um Concerto para Órgão e Orquestra; disse que não, pois já tinha escrito um. Foi o próprio Poulenc que propôs ser um Gloria, «como o de Vivaldi». Na verdade, as referências barrocas, nesta obra, são poucas e mais próximas do estilo francês do que de um Vivaldi, misturadas com sabores variadíssimos, desde a profundidade e emotividade dos seus andamentos lentos ao tom brincalhão do Laudamus te, que Poulenc disse ter escrito inspirado na visão de um grupo de monges beneditinos a jogar futebol, ou à cor indígena norte-americana que se reconhece no Domine fili unigenite. Em suma, é uma obra muito abrangente e fascinante, escrita num momento em que o compositor inicia uma nova fase de vida, carregado de energia positiva, em grande parte, devido às suas incursões pelos EUA.
Vasco Negreiros
George Gerschwin (1898-1937) - An American in Paris
Frederick Delius (1862-1934) - Concerto para Violino e Orquestra
---------------------------------------------------- INTERVALO -----------------------------------------------------------------
Francis Poulenc (1899-1963) – Gloria
I.Gloria in excelsis Deo
II.Laudamus te
III.Domine Deus, Rex caelestis
IV.Domine Fili unigenite
V.Domine Deus, Agnus Dei
VI.Qui sedes ad dexteram Patris
Notas de Programa: Poder-se-ia dizer que este programa de concerto começa com An American in Paris e acaba com un Parisien en Amérique, pois, enquanto a obra de Georg Gershwin foi composta a partir das experiências que o compositor americano viveu na capital francesa, oGloria de Francis Poulenc resultou da encomenda de uma fundação ligada à orquestra de Boston, podendo ser considerado como sendo a culminação da sua excelente relação com os Estados Unidos da América: décidément l’Amérique m’aime et j’aime l’Amérique! [decididamente, a América ama-me e eu amo a América], escreveu o compositor, numa carta dirigida ao ator belga Stéphan Audel. Entre estas duas expressões de bem-estar na vida, medeia o programa uma obra mais introspetiva e comovente, também nascida da relação entre um europeu e os EUA, mas, desta feita, de um cariz muito distinto.
Gershwin veio para a Europa no intuito de aprender, porém, tanto Maurice Ravel como Nadia Boulanger, de quem quis ser aluno, ter-lhe-ão dito que já tinha descoberto o seu estilo e que não faria sentido que continuasse a sua formação, animando-o a escrever mais e com maior arrojo. Um Americano em Paris é a primeira obra de grande porte que Gershiwn orquestra sem ajuda, muito seguro dos efeitos que quer criar, seja para imitar o caos do trânsito parisiense, incluindo as buzinadelas dos taxistas, seja para ilustrar as saudades que o americano sente da sua terra, com música claramente inspirada no Blues.
Frederick Delius nasceu no Reino Unido, no seio de uma família alemã. O seu pai, embora fosse músico amador, tinha horror a que o filho escolhesse essa profissão, mandando-o, por isso, para os Estados Unidos, onde deveria administrar uma quinta de laranjas. Em vez de se dedicar à agricultura, Delius descobriu no novo entorno as canções de trabalho dos ex-escravos, assim como o Gospel, cantado pela comunidade negra local. Delius apaixonou-se por uma mulher desta comunidade, com quem teve um filho. Na altura, assumir uma relação inter-racial era absolutamente impensável, de maneira que voltou para a Europa sozinho, sofrendo muitíssimo com esta separação. O seu concerto para violino, único instrumento de que dispunha na quinta californiana, contém muitas referências musicais afro-americanas, certamente devido à sua história pessoal. Quando soube que estava com uma doença grave e incurável, Delius voltou aos Estados Unidos, onde durante meses procurou a sua amada e filho, sem os encontrar.
A Koussevitsky Foundation de Boston encomendou a Poulenc inicialmente uma sinfonia, ao que o compositor francês, com a franqueza que o caracterizava, retrucou que esta categoria não o atraía; perguntaram-lhe então se poderia ser um Concerto para Órgão e Orquestra; disse que não, pois já tinha escrito um. Foi o próprio Poulenc que propôs ser um Gloria, «como o de Vivaldi». Na verdade, as referências barrocas, nesta obra, são poucas e mais próximas do estilo francês do que de um Vivaldi, misturadas com sabores variadíssimos, desde a profundidade e emotividade dos seus andamentos lentos ao tom brincalhão do Laudamus te, que Poulenc disse ter escrito inspirado na visão de um grupo de monges beneditinos a jogar futebol, ou à cor indígena norte-americana que se reconhece no Domine fili unigenite. Em suma, é uma obra muito abrangente e fascinante, escrita num momento em que o compositor inicia uma nova fase de vida, carregado de energia positiva, em grande parte, devido às suas incursões pelos EUA.
Vasco Negreiros
Informação adicional
Maiores de 6 anos.
Gratuito
Ficha Artística
Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Sinfónica do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, Coro do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, Kinga Switaj (violino), Isabel Alcobia (soprano), Vasco Negreiros (direção)
Gratuito
Ficha Artística
Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Sinfónica do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, Coro do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, Kinga Switaj (violino), Isabel Alcobia (soprano), Vasco Negreiros (direção)